
1.
Tive o privilégio de ter o Jorge Kalukembe como aluno de Geografia Regional, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no ano lectivo de 1997/98. Na ficha individual do aluno nº 20021, que ainda guardo, tenho anotado: “privilegia a intervenção política acutilante”. Estávamos no ano do “manipulado” referendo nacional sobre a regionalização em Portugal, que teve lugar a 8 de Novembro de 1998. Recordo com saudade os nossos debates!
O que me parece mais original neste Ensaio, não é tanto a erudição da abordagem, nem a quantidade de exemplos suportados numa aturada investigação dos mais variados países, com um foco claro em Angola, aspectos de extrema importância nesta reflexão sociopolítica e socioeconómica sobre o Mundo de hoje, ainda com petróleo e o de amanhã, provavelmente sem ele, mas mais os pontos de vista que o autor, de uma forma desassombrada, deixa nas suas páginas, a sua grande capacidade de análise, a tentativa de explicar factos de indiscutível actualidade, como o que considera ser a “armadilha do petróleo” e suas consequências, bem como os diferentes exercícios de prospectiva, que podem ou não confirmar-se, como qualquer previsão, num Mundo de desencontros sistemáticos que têm alimentado uma crescente “Geopolítica do Caos”, parafraseando Ignacio Ramonet (1998).
É um Ensaio para ler atentamente e reflectir sobre o futuro que nos espera ou que deixaremos que se forme, às mãos avarentas de diversos donos do capital e de especuladores globais ou, como lhes chama o autor, “abutres vestidos de humanos”, quiçá agentes da apocalíptica “Marca da Besta”. Mas é também um
“momento de paixão”, por Angola e pelo seu futuro, promissor sem dúvida, desde que gerido com visão política socialmente responsável, que aposte segundo o autor na educação, saúde, transportes e ordenamento do território, adequando as suas imensas potencialidades (agronómicas, energéticas, turísticas, etc.) ancoradas em oportunidades de negócios sustentados. Em relação a este último aspecto, há um justo e contundente questionar das opções políticas de Portugal, que na sua ânsia europeísta e complexo colonialista, não soube olhar para o Brasil e para os PALOP, nomeadamente para Angola, onde tem condições para ser parceiro e/ou promover negócios em diversos domínios produtivos, de I&D e de consultoria.
Em síntese, entre as inúmeras teses do autor, termino este comentário com a que deverá merecer de todos os leitores uma particular atenção, a possibilidade de se construir um “espaço lusófono como bloco económico mundial”, onde Portugal sairá claramente a ganhar! Raul Marques, Geógrafo, Mestre em Geografia Humana -Desenvolvimento Regional. Professor dos Ensinos Básico e Secundário e entre 1996-2000 Assistente Convidado de Geografia Regional na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi Investigador da Área de Investigação de Geografia Regional. Investigador do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular (desde 1998), tem desempenhado cargos de gestão associativa(ANIMAR – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local / ASLMP - Slow Movement Portugal) e é actualmente Sócio-Gerente e Director-Geral da Empresa SublimApoio - Consultoria, Estudos e Projectos, Lda., com escritório na vila de Mafra – Portugal.
2.
“Angola e o Mundo na era Pós-Petróleo” é um ensaio onde Jorge Kalukembe nos oferece uma visão dura, clara e um pouco pessimista, se bem que não catastrofista, antes pelo contrário, terrivelmente realista– e sublinho, muito realista – da actual realidade com que os países se deparam com a previsível diminuição e natural encarecimento da prospecção e produção do petróleo. Kalukembe alerta-nos, nomeadamente para Angola, a nossa Angola, que é altura de se começar a encarar para uma maior diversificação da economia, com relevo para os países produtores, aproveitando os ainda enormes fluxos recolhidos com o crude, na linha do que já fazem alguns dos Emiratos Árabes. Por quando investigação e elaboração da minha Dissertação para o Doutoramento, caso já estivesse publicado, este ensaio, sobretudo no que toca ao petróleo e a sua influência presente e futura na economia angolana, seria, certamente, sempre uma das minhas particulares referências bibliográficas.
Eugénio Almeida Investigador angolano e Doutorado em Ciências Sociais, em Relações Internacionais pela Universidade Técnica de Lisboa/ISCSP
3.
"Elegante e visionário, o ensaio de Jorge Kalukembe não poderia ser mais oportuno nos nossos dias. Vale tanto pela reflexão, rigorosa e bem documentada, que elabora sobre o presente como pela forma como imagina o futuro, manifestamente indesejável para Angola e o Ocidente, mas possível, caso os actores directamente implicados na governação e no desenvolvimento do país, conscientes dos erros do passado, não apostem na construção de caminhos mais sustentáveis, assentes na educação, no planeamento das cidades e em fontes de energia limpas e alternativas ao petróleo."
Herculano Cachinho Geógrafo, Doutorado em Geografia Humana, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, Mestre em Geografia Humana e Planeamento Regional e Local, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa. Professor do Instituto de Geografia e Ordenamento
do Território, Universidade de Lisboa.

Tens um sobrinho que é uma sumidade,parabéns
ResponderEliminarObrigado Ana, tento aprender o máximo que posso. Bj
ResponderEliminarGostaria saber o nome dos pais de Jorge Kalukembe.
ResponderEliminarGostaria saber filhação de Jorge Kalukembe.
ResponderEliminarJorge kalukembe é filho de Manuel Fernandes de Jesus e Graça Maria Rodrigues de Jesus neto de Jorge Rodrigues e Maria Lucília Reis Rodrigues
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