domingo, 6 de março de 2011

A barragem de Chicomba




A barragem de Chicomba irriga os campos e possibilita a existência de duas colheitas ao longo do ano agrícola

Fotografia: Arimateia Baptista


A reconstrução de escolas, postos de saúde e do sistema de captação e distribuição de água no município de Chicomba, na província da Huíla, estimula as populações há muito fugidas da guerra a regressarem e a apostarem na produção agro-pecuária, beneficiando dos estímulos do Executivo e do Governo Provincial.

O acesso à sede do município de Chicomba é feito numa picada com mais de 110 quilómetros, rasgada numa zona com matagal acentuado e capinzal apropriado para a criação de gado. Para trás fica a estrada Lubango-Quipungo que foi reconstruída e asfaltada no âmbito do programa de reconstrução nacional, que na Huíla já beneficiou mais de 700 quilómetros de vias.

O Hospital Municipal, os postes de iluminação pública e as estruturas do sistema de captação e abastecimento de água potável são bem visíveis em Chicomba, localidade que foi destruída durante a guerra.

Lúcia Francisca dirige os destinos do município há quatro anos. A administradora confessa que no princípio foi difícil dirigir a circunscrição por causa do péssimo estado das vias e das infra-estruturas estarem em ruínas. Sublinhou que o Programa de Intervenção Municipal (PIM) e o Programa de Investimentos Públicos (PIP) reanimaram a vida do município com obras públicas concluídas e outras ainda em fase de acabamento.

Os sectores da educação, saúde, energia, águas e agricultura foram as prioridades. Os recursos humanos e financeiros disponibilizados permitiram a construção de novos imóveis e a reparação dos antigos, num processo que abrangeu as comunas e povoações.

As 105 escolas espalhadas pelo município, são frequentadas por 42.300 alunos e têm 845 professores. A administradora Lúcia Francisca informou que estão em construção 11 salas de aulas, para integrar as 2.500 crianças que estão fora do sistema de ensino.

O Hospital Municipal de Chicomba, construído e apetrechado há três anos, no âmbito do Programa de Melhoria e Aumento dos Serviços Sociais Básicos às Populações, elaborado pelo governo da província, está a dar valor às condições sanitárias da população.

As estatísticas atestam que mais de mil consultas são realizadas de três em três meses. Doenças como malária, febre tifóide, diarreias agudas e tuberculose são as que mais afectam os pacientes. O Hospital Municipal vai receber, em breve, dois médicos.

A construção de postos de saúde nas comunas do Quê, Cuteta, Cabire Comercial e Libonge, visa descentralizar os cuidados de saúde no município. Quando as obras estiverem concluídas fica garantida a assistência médica e medicamentosa a milhares de pessoas.

Lúcia Francisca disse ao Jornal de Angola que a execução dos projectos nas áreas da educação, saúde, energia e águas está orçada em 85 milhões de Kwanzas, disponibilizados no quadro do Programa de Intervenção Municipal (PIM).


Menos doenças

A construção de um sistema de captação de água numa albufeira, a montagem de 3.200 metros de uma nova rede e a aplicação de um reservatório metálico, permitiram a canalização, pela primeira vez, de água para mais de 60 domicílios.

As casas com água a jorrar nas torneiras possuem contadores para o controlo do consumo e respectivo pagamento. A execução do “Programa Água para Todos”, com as obras a cargo de uma construtora nacional, fez com que as doenças provocadas pelo consumo de água imprópria fossem reduzidas e as populações já não têm que percorrer longas distâncias para ir buscar água.

A administradora Lúcia Francisca garantiu que as comunas Cutenda, Quê, Libonge, e outras, contam já com seis furos apetrechados com bombas manuais, dos 20 previstos para abastecimento público.

As comunidades rurais, afirmou a administradora Lúcia Francisca, estão no topo das atenções das autoridades do município “por serem as mais vulneráveis no concernente ao abastecimento de água potável, assistência sanitária e enquadramento de crianças nas escolas”.

Lúcia Francisca está satisfeita com os programas realizados até ao momento nas zonas rurais, por reduzirem o foco de doenças das pessoas e dos animais. “Os técnicos e activistas de ONG sensibilizam e mobilizam as pessoas a beberem água dos furos”, disse a administradora do município de Chicomba.

Os beneficiários reagem positivamente aos apelos e ensinamentos dos técnicos. Catarina Candembe, 52 anos, disse à nossa reportagem que há três anos apenas dá aos filhos e netos água do fontanário: “agora a água está perto, por isso não tenho razões para ir ao rio”.

Catarina Candembe de Chicomba, para lavar a roupa da família. O chafariz é mais confortável e seguro do que o rio: “aqui não há gatunos como no rio, donde tínhamos de evitar sair tarde para evitar assaltos e agressões”.

Produção agrícola

Os municípios de Chicomba, Caluquembe e Caconda são considerados, pelos empresários agrícolas da região, como o “triângulo produtor” de milho, feijão, ervilha, batata-doce e outros alimentos. 

As colheitas da campanha agrícola passada, segundo as estatísticas da Direcção Provincial da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, atingiram 187.939 toneladas de produtos.

Desta safra, Chicomba alcançou 35.238 toneladas. As melhoras na produção resultam da distribuição de sementes, fertilizantes, instrumentos de trabalho, gado para tracção animal, parcelas de terreno para o cultivo e do envolvimento de um número considerável de famílias na prática da lavoura.

A organização dos agricultores em cooperativas, que já são 1.200 no município, constitui a força motriz para o aumento da produção, captação de créditos e escoamento da produção para outros pontos da província da Huíla e do país.

Para a colheita da campanha agrícola 2009/2010, a previsão é superior à produção do ano passado, meta que se pode atingir devido à regularidade das chuvas registadas e à realização do cultivo em duas épocas.

Os resultados positivos que o município de Chicomba está a alcançar têm a ver, em parte, com o regresso de dezenas de famílias à sua zona de origem. O soba Lote Eduardo, de uma das povoações de Cutenda, contou ao Jornal de Angola que “as pessoas que fugiram da guerra estão a voltar e a ocupar as suas lavras”.

As famílias que regressam, afirmou o soba, recebem apoios dos ministérios da Reinserção Social, Agricultura, agências das Nações Unidas e organizações não governamentais nacionais. “A direcção da agricultura dá sementes, enxadas, gado para tracção animal e charruas a crédito”, referiu.

O regresso dos camponeses às zonas de origem fez com que o número de habitantes de Chicomba aumentasse de 105.375 pessoas em 2007 para 110.400.  

O aumento da produção de milho no município fez descer o preço do produto. Um quilo de milho é comercializado no mercado informal entre 5 e 10 kwanzas. Estes preços atraem inúmeros clientes de outras províncias.

A pecuária na circunscrição de Chicomba está igualmente a ser fomentada com a distribuição de novilhas para reprodução e abate. Há quatro anos, o rebanho era de 20 mil animais, mas com o projecto de repovoamento, há agora mais de 45 mil cabeças de gado.



1 comentário:

  1. Estamos,para ajudar o nosso municipio a desenvolver, e não para cresçer mais uma coisa é certa tudo isto parte da formação do homem. PARA ISTO ACONTECER Têm que me conceder uma bolsa de estudos porque já engressei na faculdade em 2009 e não consigo estudar porque me proibiram para não estudar e canselar os meus salários...Alguem Disse-me quem te mandou estudar? Por favor EU SOU NATURAL DE CHICOMBA AGORA É A MINHA VEZ QUERO BOLSA DE ESTUDO...926635610

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