domingo, 29 de junho de 2014

Apelo aos CALUQUEMBENSES (Convívios da Huíla)

 

Apelo aos CALUQUEMBENSES (Convívios da Huíla)

Apesar de um pouco extensa, peço a vossa benevolência para lerem esta carta até ao fim. Antecipadamente muito grato.

Como é sabido realiza-se há 36 anos o Encontro Anual dos Huilanos (destinado naturalmente à confraternização de todos os antigos habitantes dos concelhos do então distrito da Huíla) organizado pela “Associação Recreativa e Cultural “Os Inseparáveis da Huíla”. Nos primeiros anos os Convívios tiveram lugar no Luso mas já há muitos anos têm acontecido nas Caldas da Rainha. Esse Encontro, onde gente relacionada com a Huíla pode rever-se, conhecer-se ou reconhecer-se, é certamente, nos tempos que correm, a maior concentração em Portugal de pessoas oriundas de Angola, ou mesmo de todo o ex-ultramar, e que se vem realizando com êxito ininterruptamente devido ao trabalho dum grupo de entusiastas que integram os corpos gerentes daquela prestimosa Associação (da qual poderíamos todos ser sócios até porque a quota anual é simbólica).

Pena é porém que tantos, tantos, Caluquembenses, que sabemos existirem e morarem pelo Portugal inteiro, deixaram de aparecer (ou até nunca participaram!) por este ou por aquele motivo, alguns decerto por causa nenhuma...mas apenas por desinteresse... Isto é, a maioria dos patrícios não se desloca às Caldas. Apenas uma minoria aparece! Quantas vezes em cada Encontro, os presentes, andam por ali procurando…, procurando…mas poucos conterrâneos veem. E se acontece encontrarem alguém, reveem-se com enorme contentamento.

Embora se saiba que infelizmente já muitos desapareceram fisicamente - e a esses evocamo-los com muitas saudades - existem ainda centenas de pessoas da Diáspora Caluquembense e seus descendentes pelo Portugal inteiro. E podíamos, no Encontro anual das Caldas, comemorar uma fraterna vivência e raiz comum, e dessa forma matar saudades, contar histórias, curiosidades, chamar ligações que confluem em salutares emoções; conhecer filhos, netos, bisnetos e outros familiares ou amigos. Lembremos agora algumas famílias (cujos membros residem em Portugal): Almeida, Andrade, Baião, Banqueiro, Barreira, Batista, Cabral, Caires, Caldas, Cardoso, Carvalheira, Carvalho, Castilho, Correia, Costa, Diniz, Farinha, Fernandes, Ferreira, Freitas, Garção, Godinho, Gomes, Gouveia, Henriques, Jesus, Lino, Lodeiro, Lopes, Machado, Martins, Matos, Mendes, Mendonça, Monteiro, Moreira, Moura, Mota, Nunes, Paiva, Pelicano, Perestrelo, Poeiras, Ramalho, Rebelo, Rocha, Rodrigues, Rosa, Santos, Seirós, Sereno, Silva, Tavares, Teixeira, Tenreiro, Tyller, Veiga, Ventura, Vilhena, Xavier e tantas outras famílias que seria difícil citá-las completamente mas todas estão naturalmente incluídas nesta evocação.

Esse alegre e grandioso Encontro da Huíla, nas Caldas, é já quase o último grande palco…, renovado ainda cada ano, relacionado com o sentimento comum que dedicamos àquelas terras em geral e em particular ao nosso querido e inesquecível CALUQUEMBE, Princesa da Huíla, região que tanto orgulha a todos os conterrâneos certamente. Somos CALUQUEMBENSES de alma e coração. E o reencontro é quase a derradeira manifestação visível do elo que nos liga à comungada memória afetiva da nossa terra, mas também ao Lubango e à Huíla em geral. Tem sido um evento reconfortante para quem comparece, ainda que por somente dois dias mágicos, em que se vive um espírito simples no sentir comum, baseado nessa rica, insubstituível e elevada herança da terra Caluquembense a qual nos viu nascer a muitos de nós e/ou onde morámos, brincámos, estudámos, trabalhámos, divertimo-nos, bailámos, namorámos, amámos, casámos, praticámos a religião, caçámos, sepultámos entes queridos e amigos, etc. e onde estivemos historicamente radicados, uns por muito tempo, outros por menos, pouco interessa, e sobretudo onde todos sonhámos...sonhos lindos... Que triste é pois constatar que esse sentimento tão forte pareça (mas não queremos acreditar) estar um pouco apagado ou adormecido em muitos de nós e por isso esses estão sempre ausentes… ou têm faltado nos últimos anos dos Encontros... Que maravilhoso seria pois que a maior parte dos membros das famílias de Caluquembe (do concelho mas não só) pudessem comparecer para se reencontrarem em cada verão enquanto a idade e saúde o permitirem.

A maioria de nós, vivemos tempos e vidas inesquecíveis naquelas épocas até quando pudemos estar na amada terra, e assim nas conversas, no sentimento comum, no Convívio, teremos oportunidade de recordar com salutar saudade as nossas famílias, amigos, professores, empregados, autoridades, funcionários, missionários católicos e evangélicos, médicos, enfermeiros, mecânico, barbeiro, sapateiro, cauteleiro, operários, camponeses, agricultores, etc.; de lembrar as casas, lojas, armazéns, indústrias, moagens, salsicharia, talhos, oficina, pensões, restaurantes, bancos, administração, correios, missões, hospital, igrejas, clube, campo de futebol, escolas, parque infantil, piscina, cacimbas, hortas, fazendas, pista de aterragem, cerâmica, armazém da “Junta”, rios, anharas, serras, termas do Tambe, etc; e não esquecer as nossas animadas festas que vivíamos muito intensamente com seus bailes, torneios de tiros e de futebol, ralis, corridas, quermesse, quinos, enfim, um nunca mais acabar de belas lembranças fortemente gravadas…

Reunamo-nos pois, ligados que estamos ao nosso concelho de Caluquembe e às povoações comerciais ou outras: Caluquembe (Sandula), Bulo, Bunjei, Cacomba, Cahala, Calépi, Camúcua, Camucuio, Camuíne, Chicala, Chinuangolo, Chirunda, Cucala, Duma, Gando, Lomupa, Qué, Tambe, Vila Branca, Bomba, Cuando, Cuílo, Negola, Vatuco, etc e mesmo de outras terras vizinhas, se bem que não fazendo parte administrativa de Caluquembe, a esta vila estavam os seus habitantes muito dedicados como por exemplo: Bissapa, Capala, Chicuma, Chicomba e outras.

Com efeito, nos dois dias do maravilhoso Convívio das Caldas, ou pelo menos no domingo, podemos confraternizar com os nossos conterrâneos, viver assim momentos altos e pacíficos de recordações, na agradável Mata, na missa campal onde se evocam os ausentes…, no piquenique, nas tendas, na barraca de comes e bebes, nos discursos, nas fotos antigas que emocionam e nas recentes, enfim, viver o prazer espiritual que isso tudo dá.

Apelamos aos Caluquembenses para que estejam presentes no Próximo grandioso CONVÍVIO, em 12 e 13 de julho de 2014 nas CALDAS DA RAINHA (e nos dos anos seguintes). Não deixemos morrer o prazer do reencontro e a alegria de viver das gentes ligadas a Angola que não deve ser um conto mas uma realidade ou uma maneira de ser…

Agradeço que mostrem esta carta a outros conterrâneos, se necessário imprimindo ou tirando fotocópias. Um grande e fraterno abraço deste Caluquembense que tem saudades de todos vós.

Júlio H. Rodrigues (em Sesimbra, aos 28 de junho de 2014)

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