sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O “DES”PIQUENIQUE …


Até havia um papel identificador q se molhou depressa…
Nas semanas anteriores e nos dias já próximos à data aprazada para o nosso tradicional PIQUENIQUE DE FAMÍLIAS AMIGAS DE CALUQUEMBE, 6 de julho (1º domingo deste mês), os mais entusiastas viviam já antecipadamente a agradável emoção do evento a realizar-se nas sombras deliciosas dos pinheiros mansos, que já chamamos “nossos” por algumas horas, no sítio do Cabeço da Flauta próximo à Lagoa de Albufeira, Sesimbra, acontecimento simples que reúne em cada verão, desde há vinte e quatro anos, convivas relacionados com Caluquembe.
Na véspera muitos de nós fizemos os preparativos, compras, escolha do material a levar como cadeiras, mesas, pratos e talheres, comes-e-bebes, etc. Houve mesmo quem arrumasse tais utensílios no carro de véspera para na manhã seguinte ser mais fácil e rápido demandar para o evento. Uma trabalheira que a perspetiva de uma jornada habitualmente tão bem passada, como costumam ser esses piqueniques, fazia amenizar um tal esforço preparatório e organizativo.
Falando de mim, Júlio: na véspera comprei praticamente os últimos comestíveis que seriam o meu contributo para a mesa coletiva campal e ao entardecer desse sábado carreguei antecipadamente a carrinha com a mesa de campismo, várias cadeiras de praia, depósito de água que adquiri há uns anos quase exclusivamente para o piquenique, caixas geleiras, alguns utensílios sempre necessários num piquenique, etc.
Deitei-me cedo e ansioso ante a perspetiva mental mansa e agradável dum sempre apetecível convívio ao ar livre de cunho marcadamente familiar. Porém, misturado com esse sentimento, rondava algum receio do tempo que já ameaçava irregular com alguma humidade; mas, no domingo, quis acreditar, não haveria de ser nada…
Porém, chegados propriamente ao dito cujo dia 6 de julho de 2014, levantei-me cedo e constatei que o dia amanhecera húmido pois ao abrir a janela fiquei mesmo apreensivo perante alguma nebulosidade real. Só mesmo muito boa vontade poderia continuar benevolente para uma meteorologia que assim se prenunciava com evidência pouco propícia ao desejado piquenique…
Não valorizando, enganando-me a mim próprio, fui encher as geleiras com bebidas, alguns frescos armazenados no frigorífico da casa e gelo já comprado na véspera mas preservado no congelador. Matabichei e abalei de casa convicto, ainda não eram nove horas. Na pastelaria próxima comprei um grande pão fresco caseiro fatiado e na papelaria de Alfarim um jornal diário para os convivas lerem as últimas.
Nessa mini viagem chegaram-me entretanto as primeiras mensagens e contactos telefónicos: “…que tal o tempo por aí?...aqui está muito nublado ou até já chove…”, etc. Constrangido ia animando ou ia-me animando que em Alfarim não chovia, embora estivesse tempo cinzentão, mas quando chegasse propriamente ao local do piquenique logo podia atualizar as condições climáticas…e informar.
E fui o primeiro a chegar aos belos pinheiros mansos cujo local exato já vamos repetindo cada ano. Bem intencionado e ainda crendo que o tempo levantaria para permitir o encontro, fui recolhendo e ensacando lixo – pois a falta de civismo deixa sempre rastos – com uma tenaz que levara, respondendo a um ou outro telefonema para complementar a informação do tempo no local, o qual contudo permanecia muito nublado. Entretanto chegou o segundo carro, era o Couto e a Rosalina. De seguida um pouco depois a Manuela, filha Selma e neto Daniel chegaram também. Olhámo-nos todos comprometidos…quase cúmplices duma situação que contudo nos era alheia. A humidade acentuava-se, começaram chuviscos de vez em quando pelo que éramos obrigados a recolhermo-nos nos carros, intervalando com saídas dos automóveis quando parava de chuviscar. Dos carros nada tirávamos: nem mesas, nem cadeiras, nem comidas, nem bebidas, não valia a pena pois molhar-se-ia tudo… Ainda petiscámos uns bolitos numa das abertas, os minutos foram passando, horas mesmo, mas perante as cinzentas circunstâncias os convivas, que ainda estavam por suas casas ou por casas de familiares para seguirem agrupados para o local do piquenique, começaram a desistir, e bem, ficando pelas mesmas. Foi o caso do Bruno, Soraya, Fausto e Nídia que se juntaram na Serra das Minas em casa da Soraya; o Lelo, Ester, Mário, Aldora que ficaram por casa do Jorge, Lucília e Paula; o Henrique, Micaela, Júlio, André e Alexandre também não se atreveram a sair do seu lar na Amora e por lá se conservaram; o Gino, Fernandes e Torres ante as circunstâncias impraticáveis preferiram almoçar em restaurante. E nós, os ainda resistentes nos pinheiros do Cabeço da Flauta, tivemos de tomar uma opção já que o tempo não mostrava modos de melhorar... Ofereci então a minha casa em alternativa, todos concordaram, e assim para cá viemos, Manuela, Selma, Daniel, Couto, Rosalina e eu, éramos seis.
Quando acabrunhados abalámos do local, não sem antes tirarmos umas fotos como recordação cinzenta, chovia mesmo copiosamente, era um aguaceiro embora sem vento…O relógio marcava meio dia…
Tal qual os outros, como estávamos preparados para um piquenique, fomos comer e beber para casa. A Rosalina, no meu quintal numa aberta da chuva miudinha, ainda assou sardinhas que tão bem nos souberam.
E o “piquenique” foi pois e assim forçadamente dividido por várias casas: Amora, Covas da Raposa, Miratejo e Serra das Minas…
Passada a tempestade mansa veio a bonança soalheira, incrivelmente, visto que ainda não seriam duas horas da tarde já o sol raiava lindo na zona… Que frustração! Mas, desiludidos e um tanto cansados de tantas andanças, não fazia sentido um regresso ao local aprazado para o verdadeiro piquenique tão esperado, tão desejado… Todavia, comemos, conversámos, conversámos, e de vez em quando dizíamos recorrentemente: “…que pontaria…que galo…que azar… o que nos aconteceu. Paciência”, confortávamo-nos.
Na tarde já, uma família retardatária, não sabendo do ocorrido pela manhã, o Amândio e a Lurdes Batista da Quinta do Conde ainda lá foram ao Cabeço da Flauta, como o tempo já estivesse bom, e ligaram-me a perguntar por onde estávamos…pois não nos encontravam! Lá respondi que em casa…, em casa…, explicando tudo o acontecido de chuva horas antes… O Fernandes ligou-me também à tarde a saber se ainda nos encontraríamos pelo local do piquenique, supondo que teríamos resistido tanto, pois havia a oportunidade de poderem aparecer, ele, o Gino e o Torres para se juntarem connosco, mas também lá o esclareci da forçada fuga horas antes…
E assim foi o que aconteceu, caros leitores e amigos de Caluquembe, ao 24º Piquenique de Famílias Amigas de Caluquembe o qual fica deste modo relatado e na nossa memória como um evento diferente, mas que não deixará de contar para a nossa ordenação pois acabou mesmo por ser um encontro embora dividido, esparso e debaixo de teto na sua maioria. E até porque houve mesmo quem esteve no local aprazado, o nosso caso, só que o piquenique, digamos, teve de ser levantado, como explicado atrás, mas podemos considerar que acabou por se iniciar no local por escasso tempo contudo e molhadamente... Piquenique à chuva…
Assim: este 24º foi isso mesmo que acabastes de ler e ficará esta crónica para a nossa história e nas nossas mentes permanecerá a lembrança do quanto foi atribulado.
E para o ano será o 25º.
Até lá. De todos para todos…


Ainda a resistirem mas prestes a “fugirem ”da chuvinha..(o fotógrafo foi o Daniel)

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